Documentos clínicos

Um hospital é um espaço de inscrição. É impossível permanecer em seu interior sem estar acompanhado por textos cifrados pelo conhecimento médico ocidental. Uma estranha sombra que a historiografia contemporânea pretende iluminar. A partir da virada historiográfica em direção a uma abordagem social e cultural, nas últimas décadas do século XX, a história dos saberes psi passou a problematizar e analisar as fontes clínicas considerando-as em seus contextos institucionais de produção e guarda, saberes e conhecimentos que as fundamentam, bem como as diferentes vozes que a compõe – do médico, do paciente, dos familiares – revelando marcas das construções científicas e também da produção de desigualdades sociais, de classe, de raça, gênero, seu passivo jurídico-criminal, orientação religiosa e político-ideológica.

Entendemos a produção dos documentos clínicos como forma canônica de organizar o raciocínio clínico-terapêutico e administrar a instituição. A rigor registram um encontro clínico diário e contém um diálogo do médico com seu paciente (incluindo familiares e informantes) e foram prerrogativa exclusiva de médicos e funcionários de alta hierarquia, ao contrário do que hoje ocorre colaborativamente nas profissões da saúde. Por recebem caráter público, assumiram desenho, formato e impressão gráfica predeterminada, cuja origem exata permanece oculta e obscura.

Dada a potência deste tipo de fonte histórica, esta galeria de documentos clínicos tem o objetivo de divulgar informações sobre diferentes tipos de documentos preenchidos e produzidos pelas atividades clínicas em instituições dirigidas ao tratamento de alienados e pacientes psiquiátricos, em vários estados brasileiros.

As descrições e análises destes documentos por historiadores, aqui apresentadas, retratam por vezes um único documento (a papeleta, a guia), e em outros casos um conjunto de documentos (o prontuário, o dossiê).

Em cada ficha de informações apresentada nesta galeria detalha-se o(s) tipo(s) de documento(s), o ano e instituição de sua produção, a instituição responsável por sua guarda, bem como dados do pesquisador(a) e de sua pesquisa sobre o referido documento. Inclui também um comentário descritivo-analítico produzido pelo(a) pesquisador(a) sobre o documento. Ao final de cada ficha encontra-se o link para acessar imagens do documento, sempre que possível de serem divulgadas.

Certamente esta galeria não tem a ambição de exaurir coleções de arquivos, mas de indicar alguns padrões recorrentes e incentivar aos pesquisadores a se debruçarem sobre a riqueza deste tipo de fonte primária.

 

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Bibliografia sobre o uso de documentos clínicos como fonte para a pesquisa histórica