Mulheres na História dos Saberes Psi

Na semana que comemoramos o Dia Internacional das Mulheres destacamos algumas  protagonistas importantes nas diversas áreas que o segmento História dos Saberes Psi” abarca.


Biografia de profissionais que tiveram atuação importante na história da saúde mental:


Marialzira Perestrello (1916-2015) Médica e psicanalista, ela pertence a uma geração de mulheres que começou a investir em carreias acadêmicas e no trabalho fora de casa no início do se séc. XX. Participou da fundação da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. Contribuiu para a inserção da psicanálise na Clínica de Orientação Infantil do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil. Sua obra dedica-se, predominantemente, ao estudo da relação entre psicanálise l, cultura e história da psicanálise no Brasil.  Saiba mais.

Alice Marques dos Santos foi uma importante psiquiatra e analista junguiana brasileira. Nascida na cidade de São Gonçalo, em 1911, faleceu no Rio de Janeiro, em 1996. Sua trajetória revela importantes aspectos sobre a presença e participação feminina na medicina mental do país.  Foi a primeira mulher a dirigir um hospital psiquiátrico na América Latina, quando passou a coordenar o Hospital Odilon Galotti (uma das seções do complexo hospital CPN). Em parceria com a também psiquiatra Dra. Nise da Silveira, Dra. Alice incentivou a prática da terapia ocupacional entre seus pacientes. Filiou-se, durante a década de 1950, à psicologia analítica junguiana e passou a desenvolver seu exercício clínico orientada a partir dessa perspectiva. Como médica da Casa das Palmeiras, praticou essa articulação. Durante sua trajetória, teceu relações sociais e políticas importantíssimas no interior das instituições em que atuou, o que possibilitou um conjunto de mudanças no campo psiquiátrico desde os anos 1940. Saiba mais.


Documentários:

  • Nise da Silveira Posfácio: Imagens do Inconsciente (entrevista realizada por Elon Hirszman. Filmado nos dias 15 e 19 de abril de 1986).

O documentário contém o material bruto da entrevista da Dra. Nise da Silveira e foi editado em duas partes: “emoção de lidar” e ¨o egresso¨. Ainda que percorra temas paralelos, a entrevista está centrada na longa experiência que ela desenvolveu em torno da terapêutica ocupacional para pacientes com transtornos mentais. Imperdível! Veja aqui.

  •  “Camilles, Pierinas e  Eunices – Condenadas pela Razão” – Documentário escrito e dirigido por Muriel Rodrigues de Freitas.

O curta retrata, de maneira poética, a experiência de loucura e de internação psiquiátrica vivida por três mulheres, em contextos diferentes: Eunice (SP – 1910), Pierina (RS – 1900) e Camille Claudel (França – 1943). Traz a intervenção de importantes historiadoras com enfoque de gênero, atentas ao tema da loucura e da psiquiatria, como Maria Clementina da Cunha, Yonissa Wadi e Viviane Borges, além de ter a preocupação fundamental de inscrever tal temática da história das mulheres, da loucura e da psiquiatria no ensino de história, mais especificamente na Educação de Jovens e Adultos (EJA) Tempo do vídeo: 13’37’’. . Veja aqui.


Produção Científica:

Livro: Meretrizes e doutores: saber médico e prostituição no Rio de Janeiro (1840-1890) – Magali Engel – Editora Brasiliense, 1989 – 149 páginas

No final do século XIX e início do XX, cabia à medicina social um lugar de destaque na tarefa de organizar o ‘caos urbano’, do qual a prostituição fazia parte. ‘Meretrizes e doutores’ é um estudo sobre os textos médicos produzidos no Rio de Janeiro entre 1840 a 1890, revelando a implícita necessidade de se enquadrar em padrões burgueses os comportamentos sociais, afetivos e sexuais dos indivíduos que habitavam a cidade. Esta transformação do corpo, do desejo e do prazer em objetos de estudo marcou o início da constituição de uma ciência sexual, que hoje se encarrega de impor os controvertidos limites da sexualidade sadia.  Saiba mais.

Artigo: A história de Pierina e as interpretações sobre processos de sofrimento, perturbação – Yonissa Marmitt Wadi Horizontes, Bragança Paulista, v. 21, p. 83-103, jan./dez. 2003.

Pela reconstituição de fragmentos da história de vida da camponesa Pierina, que afogou sua filha pequena, sendo indiciada em processo-crime e depois internada em um hospital psiquiátrico para averiguação de sua “sanidade mental”, este texto tem um duplo objetivo. Em primeiro lugar refletir sobre como as pessoas comuns, em situações históricas determinadas, lidam com experiências de sofrimento, saúde e doença, loucura e lucidez; que sentidos elas atribuem a estas experiências, bem como que soluções buscam para os problemas. Em seguida, reconstitui-se o deslocamento ocorrido na interpretação de tais experiências quando um ato drástico – como o da mãe que mata sua filha – as leva de encontro a saberes como o Direito e a Medicina. Neste sentido, são reconstruídos os discursos dos operadores destes saberes tendo em vista perceber se aquela mulher era uma criminosa comum ou uma doente mental. Saiba mais.


Teses:

TOLEDO, Eliza Teixeira de.
A circulação e aplicação da psicocirurgia no Hospital Psiquiátrico do Juquery, São Paulo: uma questão de gênero (1936-1956). Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, 2019. 296 f.
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MOURA, Vanessa de Almeida.
Marialzira Perestrello: a trajetória profissional de uma médica e psicanalista carioca (1934-1962). Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz,Rio de Janeiro, 2019. 124 f.
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LEAL, Camilla
Revolução dos costumes ou manutenção da ordem?: Uma análise dos discursos sobre reprodução e sexualidade nas páginas das revistas Cláudia e Nova (1970-1979). Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, 2018. 142 f.
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ANTÃO, Ana Carolina da Cunha Borges
Gênero, imigração e política: o caso da judia comunista Genny Gleizer no Governo Vargas (1932-1935). Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, 2017. 141 f.
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SOUZA, Larissa Velasquez de.
Violência contra a mulher e iniciativas de enfrentamento: o Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa – Rio de Janeiro – (2000-2013). Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, 2016. 165 f.
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