Protocolo do Hospital Nacional de Alienados (1914)

Tipo de documento clínico: Protocolo do Hospital Nacional de Alienados

Ano a que se refere o documento: 1914

Instituição/setor produtor do documento: Hospital Nacional de Alienados (a partir de 1911), antigo Hospício Nacional de Alienados

Instituição de guarda do documento: Arquivo Permanente do Centro de Documentação e Memória do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira (IMASNS)

Comentário geral: No Fundo Hospício Nacional de Alienados do IMASNS, junto com outros documentos de caráter administrativo, circunscritos ao período de 1890 a 1944, encontrei um vasto conjunto de dossiês de pacientes, organizados por nome, ano de entrada e número de série. Cada dossiê pode conter vários documentos de um mesmo paciente: guias de internação policial, de alguma direção hospitalar e/ou do Pavilhão de Observação (PO), ficha da seção de internação no HNA, atestado de insanidade, carta compromisso de pagamento de pensão etc. Pelo banco de dados do Fundo é possível obter algumas informações básicas – nome, sexo, cor, idade, data de entrada, data de saída, seção, pavilhão de observação, diagnóstico, entre outras informações de localização e estado do documento.

Contudo, no meu estudo foi imprescindível averiguar todos os dossiês do período de Juliano Moreira (1903-1930), um a um, a fim de estimar os atingidos pela tuberculose no HNA. Os documentos administrativos e clínicos foram decisivos para a compreensão de alguns trâmites burocráticos interinstitucionais comuns à época, bem como o mapeamento das trajetórias institucionais de várias internas tuberculosas. Em tais dossiês, encontrei a identificação dos casos de tuberculose em diferentes modos de registros: primeiro, como causa mortis, aspecto que nos permitiu dimensionar o contingente de pacientes que foram a óbito por conta da infecção bacilar; segundo, por meio da inscrição “transferida por ser tuberculosa”, indicando que a presença da moléstia podia ser determinante para a trajetória institucional do doente; e, muito raramente, a inscrição “Koch positivo”, indício do exame feito para confirmar a presença da doença.

Cabe ressaltar que tais documentos forneceram, por via indireta, fragmentos de diferentes vozes, seja por seus documentos anexos (cartas e guias de outras instituições) seja como anamnese do paciente. Através dos prontuários, alcançamos a complexidade do ato clínico, as possíveis influências teóricas, permeadas por dogmas e doutrinas muitas vezes conflitantes, os descompassos entre teoria e prática, as frustrações terapêuticas etc. Somados aos documentos administrativos, como ofícios e cartas trocadas com autoridades da época, consegui alcançar alguns objetivos relevantes, como estimar a população tuberculosa do HNA, entender os trâmites burocráticos do HNA, mapear inúmeras trajetórias das internas tuberculosas, observar algumas das transformações geográficas do HNA etc.

Pesquisadora: Monica Cristina de Moraes

Projeto de pesquisa de doutorado: No canto do isolamento: loucura e tuberculose no Hospício Nacional de Alienados (1890-1930).

Período da pesquisa: 2016 – 2020

Instituição de ensino e/ou pesquisa: Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde/Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz

Resultados divulgados em: MORAES, Monica Cristina de. No canto do isolamento: loucura e tuberculose no Hospício Nacional de Alienados (1890-1930). Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde), Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/50366

Como citar esta ficha (ABNT, 2018): MORAES, Monica Cristina de. “Protocolo do Hospital Nacional de Alienados (1914)” In: BIBLIOTECA VIRTUAL EM HISTÓRIA DO PATRIMÔNIO CULTURAL DA SAÚDE. Vitrine do Conhecimento História dos Saberes Psi. Galeria de Documentos Clínicos. Rio de Janeiro: Depes-COC-Fiocruz, 2023.

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